Hábitos errados de estudo que trazemos da escola

 Já faz um tempo que venho reparando a maneira como alguns dos meus alunos estudam e percebi um padrão que me incomodou: a maioria carrega, sem perceber, maus hábitos da escola: aquele jeito de estudar que serve só para “passar de ano”. Lembro de uma aluna que passava horas lendo explicações gramaticais e na prova esquecia o básico. Foi aí que passei a incentivar algo que ajudou muito mais, que era revisar com propósito e não revisar somente por revisar.

Se você está estudando para provas sérias, essa reavaliação da forma como você estuda vai fazer toda a diferença. Neste texto eu vou explicar os hábitos que mais atrapalham e vou te dar dicas práticas baseadas em neurociência e em anos de sala de aula. Assim, você vai poder transformar erro em vantagem.

 Estudar decorando

 Na escola bastava ler o conteúdo, sublinhar o texto e repetir bastante, mas o cérebro aprende de verdade por evocação e esforço ativo e não por repetição mecânica. A famosa decoreba funcionava pra fazer a prova, mas a gente não aprendia de verdade.  Um dos motivos é que essa memorização rápida ativa apenas a memória de curto prazo. O cérebro registra a informação, mas de forma superficial e instável. Sem revisões e reforço, essas conexões desaparecem rapidamente, como o que o psicólogo Ebbinghaus descreveu na famosa curva do esquecimento. 

 Como corrigir: Ao invés de estudar tudo de uma vez, comece com antecedência e distribua as revisões ao longo do tempo. Os neurônios precisam desse tempo para fortalecer as suas conexões e transferir essas informações para a memória de longo prazo.

Confundir tempo sentado com produtividade

 Estar horas sentado na cadeira não garante que seu tempo está sendo produtivo e que você está realmente aprendendo. Não adianta nada estar lá sentado e parar toda hora para enviar um áudio pra alguém ou olhar aquela promoção que tá rolando. 

 Como corrigir: técnicas como Pomodoro, que já apareceram aqui no blog, e pausas estratégicas ajudam a dar uma relaxada e uma esfriada na cabeça. Além disso, metas de compreensão (seu objetivo do dia) ajudam a medir o que realmente importa: o que você aprendeu e não o tempo que passou estudando.

 Achar que estudar é só acumular conteúdo

 Da última vez que eu estudei para um concurso, eu comprei mais material do que que consegui estudar e alguns eu li na maior pressa. Ler PDFs e fazer resumos sem reflexão gera excesso de informação e pouca aprendizagem real. Era como gravar a aula naquele seu gravador portátil ou tirar xerox do caderno de vários colegas, mesmo que você tivesse as suas próprias anotações.

 Como corrigir: em vez de sair acumulando material, foque no que você realmente consegue entender e consumir de verdade. Faça resumos pequenos com suas palavras, resolva questões e revise principalmente os erros. Assim, você valoriza o material de fato e não fica só passando os olhos nos PDFs sem absorver nada.

Querer dominar todas as matérias ao mesmo tempo

 Na escola, a gente precisava tirar boas notas em tudo, mas quem se prepara para concursos precisa de estratégia, que significa foco nas matérias de maior peso.  Dependendo da área do concurso e do cargo que você quer conseguir, o número de questões e o peso que elas tem pode variar bastante.

 Como corrigir: organize seu plano de estudo por prioridades e fases. Comece pelas disciplinas que têm mais peso ou maior número de questões no seu concurso e vá alternando revisões para não esquecer o que já estudou. Use uma lista de dificuldades para identificar onde você precisa investir mais tempo. É melhor estudar mais o que realmente faz a diferença para a sua aprovação.

Achar que vai ser o fim do mundo se você não passar nessa próxima prova

 Lembra quando você era adolescente e ficava super nervoso antes e durante uma prova? E depois que você ia pra casa ficava muito ansioso pensando no resultado? Naquela época a gente achava que não ser aprovado ou tirar nota baixa em uma única prova poderia ser desastroso para nosso futuro.

 Como corrigir: Quando esses pensamentos começarem a bater, lembre-se que toda a sua trajetória é muito mais do que uma prova ou um concurso. Não estou dizendo que você não precisa se dedicar ao máximo, mas lembre-se que a vida apresenta outras chances e oportunidades para você tentar de novo!

Pense nisso essa semana: você cresceu, evoluiu e assim também o seu estilo de estudar. Não é só sentar horas na cadeira ou acumular material. Se organize, avalie as prioridades! O que realmente faz a diferença é como você aprende, revisa e aplica o que estudou. Muitos dos maus hábitos da escola passam despercebidos, mas acabam criando só a ilusão de aprendizado. Estratégia, consistência e reflexão valem mais do que decoreba ou pressa. E, no fim, cada prova é só mais um passo no seu caminho, não o fim do mundo.

|++ Leia mais: Mentalidade de crescimento: O segredo dos concurseiros que não desistem