Eduarda Rafaela Costa
Advogada

O desafio de manter o caderno de erros atualizado
Entre a publicação de um novo informativo do STJ, uma tese de repercussão geral fixada pelo STF e as constantes alterações legislativas, há um inimigo silencioso na rotina dos concurseiros: o material desatualizado. E, entre todos, o mais traiçoeiro é o caderno de erros.
Logo ele, que existe pela nobre missão de registrar as nossas falhas e transformar erros em aprendizado, pode facilmente se tornar um arquivo de equívocos antigos se não for revisado e atualizado com constância. Afinal, de pouco adianta revisar uma resposta antiga se a lei mudou ou a jurisprudência evoluiu em outro sentido.
Manter o material de estudo atualizado é um ato de disciplina e estratégia, ainda mais para o concurseiro que precisa lidar semanalmente com novos informativos.
O primeiro passo é compreender que o caderno de erros não deve ser um arquivo morto, mas um documento vivo, dinâmico e em constante aperfeiçoamento. Ele precisa acompanhar o ritmo das matérias jurídicas, que se transformam a cada julgamento e a cada alteração normativa. Sempre que um tema reaparecer em uma questão, informativo ou decisão recente, o ideal é retornar à anotação original e atualizar o conteúdo. Uma boa prática é incluir uma observação como “Revisado: STJ Info 825” ou “STF RG 1.111/DF”, sinalizando que aquele ponto já foi confrontado com o entendimento atual. Inclusive, é isso que as bancas de concursos amam cobrar nas provas: as atualizações e o que há de mais recente!
Para que essa atualização seja contínua, eu estabeleço um ciclo de revisão bimestral ou trimestral. Revisar cada disciplina a cada dois, três meses, ajuda a consolidar o aprendizado, identificar temas recorrentes, revisar seus erros e garantir que nenhum entendimento superado continue sendo revisado. Nessa etapa, vale questionar se aquela posição ainda é a mais recente, se existe novo precedente de repercussão geral, ou se a norma citada foi alterada/revogada.
Com o avanço da tecnologia, o concurseiro pode (e deve!) usar ferramentas digitais a seu favor. Eu amo papelaria e tenho cadernos com algumas anotações manuscritas, mas hoje 90% do meu material de estudo é digital. Um caderno físico tem seu valor, mas a versão digital oferece muitos recursos adicionais. Use plataformas que te permitam criar cadernos de erros como um verdadeiro banco de dados jurídico pessoal, sempre pronto para consulta e facilmente editável.
Outra ferramenta que ajuda a organizar o material é o uso de um código de cores. Assim como fazemos com o VadeMecum, podemos adotar marcações visuais para indicar o status de cada anotação: verde para o que está atualizado, amarelo para o que ainda precisa ser verificado e vermelho para o que já foi superado. Essa simples medida facilita a revisão e evita que se gaste tempo estudando entendimentos antigos.
No fim das contas, independente da forma que você escolha, atualizar o seu caderno é mais do que revisar: é vencer o desafio de manter-se atualizado, reconhecendo que o conhecimento jurídico é vivo e muda sempre.
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