Eduarda Rafaela Costa
Advogada

Quando eu ingressei no universo dos concursos públicos, foi uma surpresa me deparar com estudantes acumulando resumos, pdfs, flashcards e apostilas prontas, muitas vezes elaboradas por grandes cursos ou por terceiros. Eu não tinha acesso a materiais assim, estudava apenas por livros. Aprendi que a principal fonte no começo dos estudos são matérias prontos. Embora esses recursos possam ser úteis para formação de base ou como complemento, confiar exclusivamente neles pode ser um erro estratégico ao aprendizado de longo prazo.
Vários estudos de neurociência já comprovaram que a verdadeira assimilação do conteúdo se dá quando o estudante transforma a informação em conhecimento ativo, construindo o seu próprio material a partir das aulas assistidas, da leitura da legislação e da doutrina, da resolução de questões e, principalmente, dos erros e acertos do dia a dia. E isso quem estuda vai perceber na vivência dos desafios do próprio estudo.
Ao escrever um resumo, montar um mapa mental ou elaborar flashcards personalizados, passamos a filtrar, organizar e reinterpretar a matéria com as nossas próprias palavras. Esse é um processo que exige reflexão e estimula a memória de forma muito mais eficaz do que a simples leitura de um material pronto. Além disso, cada um possui uma trajetória única: aquilo que foi um erro recorrente em provas pode virar destaque em seu caderno de erros; aquele conceito que gerou dúvida pode ser grifado de modo diferente, com marcações que fazem sentido apenas para quem o escreveu.
Outro ponto relevante é que o material autoral acompanha a evolução do seu estudo. Ele é dinâmico: cresce, se adapta e se aperfeiçoa a cada revisão, a cada questão feita, a cada jurisprudência nova que surge. O caderno, os esquemas e os mapas mentais pessoais tornam-se, assim, um reflexo da caminhada individual rumo à aprovação.
É claro que materiais prontos podem oferecer a base e até um norte para o seu material, especialmente no começo dos estudos, além de atalhos, complementos e atualizações para alunos mais avançados, mas nenhum deles substitui o poder da aprendizagem ativa. Construir o próprio material é transformar o estudo em experiência pessoal, criando uma rede de conexões que facilita a fixação de forma personalizada e que traz mais segurança na hora da prova.
Quem constrói seu próprio material constrói também sua confiança: no dia da prova, o que estará na sua mente é aquilo que você escreveu, errou, corrigiu e revisou com as suas próprias mãos.
|++ Leia mais: Errei de novo, e agora?